Como funciona a doação de medula óssea?


Como funciona a doação de medula óssea?

O procedimento para doação de medula óssea é feito sob anestesia geral e dura cerca de duas horas.

A medula óssea é um tecido gelatinoso que fica no interior dos ossos e é responsável por fabricar células sanguíneas. O transplante de medula óssea é uma opção de tratamento recomendada em alguns casos de doenças que afetam essas células, como leucemias e linfomas. O procedimento consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais desse tecido, para que se possa reconstituir uma medula nova e saudável.

Existem dois tipos de transplante: o autólogo, pelo qual as células são retiradas do próprio paciente (opção utilizada em casos em que a doença não tem origem na medula e, portanto, o tecido do paciente produz células saudáveis), e o alogênico, em que as células são doadas por outra pessoa. Nesse segundo caso, a primeira ação é buscar um doador na família. A chance de compatibilidade entre irmãos de mesma mãe e mesmo pai é de 25%.

Quando não há nenhum familiar compatível, o doador é procurado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que reúne informações de voluntários no Brasil e também é responsável por buscar doadores nos registros internacionais. Para se cadastrar, basta ir a um hemocentro com documento de identidade. Não é necessário agendamento. 





Cadastrar-se não significa que a doação será feita naquele momento, como ocorre com doações de sangue mais comuns. No caso da doação de medula óssea, são retirados 10 ml de sangue para avaliar a compatibilidade do doador com pacientes que precisam do transplante. Os dados ficam registrados e, se em algum momento houver alguém compatível, o voluntário é procurado para decidir sobre efetivar a doação. Por isso, é extremamente importante manter todos os dados pessoais atualizados.

Os requisitos para fazer uma doação de medula óssea são: ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doenças infecciosas ou incapacitantes, doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.

O TRANSPLANTE

De acordo com informações do Redome, antes do procedimento o doador deve realizar alguns exames para verificar como está sua saúde. Não é exigida nenhuma mudança de hábitos, como dieta específica. Existem dois tipos de doação: a coleta feita em centro cirúrgico, pela medula, e a coleta por aférese. 

A doação de medula óssea no centro cirúrgico é feita sob anestesia geral e dura em média duas horas. Para aspirar a medula são feitas punções com o auxílio de agulhas nos ossos da bacia. O volume retirado é de até 15% e não causa nenhum prejuízo à saúde do doador. O conteúdo é armazenado em bolsas de sangue e filtrado. Depois, o receptor recebe as células na veia por meio de um cateter. Para essa opção, é necessária internação de 24 horas. 





A coleta por aférese é mais simples, similar à doação de plaquetas. Antes do procedimento, o doador toma uma medicação por cinco dias para aumentar a quantidade de células-tronco em seu sangue. A doação é realizada através de uma máquina de aférese que colhe o sangue, separa as células-tronco e devolve os elementos que não são necessários para o receptor. Nesse caso, não é necessária internação nem anestesia.

O médico irá decidir sobre o método mais adequado para cada caso. Para a coleta por aférese, por exemplo, ele precisa avaliar se os acessos venosos do doador estão aptos ao procedimento. Além disso, dependendo da doença e do estágio em que ela está, pode ser que o paciente se beneficie mais com uma forma de doação em detrimento da outra.

Outra maneira de fazer o transplante de medula é por meio do sangue de cordão umbilical. “As células do sangue de cordão ou de placenta são coletadas logo que ao bebê nasce e não há nenhuma intervenção na mãe ou na criança. Porém, a quantidade retirada nesse procedimento é limitada; por isso, o ideal é que o receptor, nesse caso, seja uma criança”, explica a dra. Adriana Seber, hematologista e secretária da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO).





RISCOS E CUIDADOS PARA QUEM VAI DOAR

Quando a doação de medula óssea é feita por aférese, os efeitos colaterais são leves, como formigamento e náuseas. O medicamento tomado antes do procedimento também pode causar dor no corpo, que pode ser resolvida com analgésicos. No geral, o doador não precisa de nenhum cuidado especial e no dia seguinte já está apto a trabalhar e praticar atividades físicas.

[…] é absolutamente frustrante para o paciente saber que ele tem um doador compatível, mas ninguém o encontra. As campanhas em todo o mundo são feitas para que as pessoas que se cadastraram atualizem seus dados, assim, quando alguém precisar de um transplante, elas serão encontradas da maneira mais rápida possível.

Já quando a doação é feita pela medula, no centro cirúrgico, retira-se quantidade considerável de sangue do doador, o que reduz os níveis de imunoglobulina (substância que, em falta, pode causar algum grau de anemia). Por isso, nesses casos, pode ser que o médico indique algumas medicações para repor minerais e normalizar a imunoglobulina. “Após o transplante também é comum sentir dor na bacia, então faz-se uso de analgésico por até três dias. Em geral, os doadores ficam ausentes do trabalho e sem fazer exercícios por uma semana”, esclarece a dra. Seber.





Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no geral, os riscos para o doador são pequenos e estão relacionados à necessidade de anestesia. Dentro de poucas semanas, a medula é totalmente recuperada. Sintomas como dor local, dor de cabeça e fraqueza podem ocorrer após o procedimento, mas são passageiros e controlados com analgésicos.

BARREIRAS PARA A DOAÇÃO DE MEDULA ÓSSEA

Um dos principais obstáculos para a doação poderia ser resolvido de maneira simples. A dra. Seber explica que a principal barreira é não conseguir contato com os doadores cadastrados no Redome. Muitas vezes, existe uma pessoa compatível, mas há dificuldade de encontrá-la no endereço, telefone e e-mail informados no momento do cadastro. Esse problema acontece com cerca de 1/3 dos voluntários cadastrados.

“É uma taxa muito alta e é absolutamente frustrante para o paciente saber que ele tem um doador compatível, mas ninguém o encontra. As campanhas em todo o mundo são feitas para que as pessoas que se cadastraram atualizem seus dados, assim, quando alguém precisar de um transplante, elas serão encontradas da maneira mais rápida possível”, afirma.

Fonte: Drauziovarella

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